Problemas alimentares com filhos que chegam por adoção

Não raro lemos relatos de pais e mãe por adoção em dificuldade com a alimentação de seus filhos recém-chegados, por hora comem demais e outras vezes não comem nada.

Algumas crianças, vítimas de desnutrição, passam a ter compulsão alimentar e comem demais, chegando até a passar mal, precisando que os pais controlem de perto. É aconselhável procurar terapia para controlar este impulso ainda na infância.

Mas o que fazer quando a criança não come, se recusa a comer ou só quer comer besteiras?

Aqui em casa um dos meus filhos sempre teve dificuldade em se alimentar, sempre teve histórico de baixo peso, abaixo da linha que os pediatras consideram como mínimo aceitável. Não aceitava muitos alimentos, principalmente os saudáveis, mas não só, ele não comia nenhum tipo de bolo, por exemplo, ou pão de queijo. Além disso, tinha o péssimo hábito de esconder comida (para não comer) ou jogar comida fora, no lixo, sem que a gente percebesse.

Sobre o que ele não comia fomos conversando e mostrando que era importante ao menos experimentar antes de dizer que não gostava, pois ele estava perdendo ótimas experiências. Depois de algumas tentativas com coisas gostosas, como bolo, ele cedeu e experimentou, e vendo que era bom foi se abrindo mais para outras experiências. Hoje se alimenta bem melhor em todos os aspectos.

Mas, começamos a descobrir que ele jogava comida fora porque a escola nos avisou. Ele jogava o lanche todo no lixo e passava a manhã toda sem comer. Tentamos de tudo: conversar, fazer combinado, obrigar a comer, deixar de castigo, impor consequências, tudo mesmo e nada funcionou.

Então fizemos uma reunião com a pediatra e a terapeuta, e como ele vem ganhando peso desde que chegou na nossa família, resolvemos sentar com ele e explicar as consequências físicas para o corpo dele por ficar sem comer por longos períodos. Ele entendeu e disse que não sente fome de manhã. 

Então fizemos um acordo de que ele não seria mais obrigado a tomar café da manhã e nem seria obrigado a levar lanche para a escola, passando a comer apenas na hora do almoço quando chega em casa após a escola. E deixamos claro que quando ele tiver vontade ele pode tomar café da manhã e levar lanche sem problema.

Depois disso todas as brigas pela alimentação praticamente acabaram, pois ele chega com bastante fome e almoça bem, depois toma lanche da tarde e janta. Se mantém bem de saúde como um todo, mantendo o peso, nunca fica doente, de modo que a pediatra e a terapeuta nos convenceram na prática de que ele fica bem assim e não precisamos nos preocupar.

Na nossa família foi assim, e como é na sua? Vocês têm conseguido fazer com que seus filhos tenham bons hábitos alimentares após a chegada na nova família? Conte pra gente!


Dra. Rachel Garcia – Advogada há 23 anos, mãe por adoção há 3 anos.

Diretora jurídica do GAASP e Grupo Laços de Amor de Mogi Guaçu e região.

Assessora jurídica do GAAPRE, do GAAIA, da AGAAESP e do MNA.

@rachel_garcia_adv


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